Ruas
de pedras,
rolimãns pela ladeira,
nossa casa de madeira,
uma acácia no jardim.
Um muro grande,
empencados de avencas
e um menino ainda brinca
de vilão dentro de mim.
O meu balanço,
minha cara solta ao vento,
são detalhes, sentimentos
que não pude abandonar.
A coleção
de bolinhas coloridas
com certeza minha vida
continue a jogar.
Meu avião
sem motor e de papel
cruzara o azul do céu
só movido a fantasia.
Fui seu piloto,
seu melhor aviador
pois pilotara com amor
o motor das alegrias.
Não quis crescer,
acontece que cresci,
sem querer mudei daqui
prá viver noutras paradas
Mas minha infância
salvaguardei numa gaveta,
numa caixa branca e preta
dentre as coisas já passadas.
Se quer saber,
esta é a minha vida,
de abordagem colorida
qual quermesse de São João.
Talvez por isto
continue o ser humano,
que apesar dos desenganos
não vendeu seu coração.