ENTRE
OS MANACÁS DA PRAÇA
para Ciça,
Lena, Caica e Nando
Jardins
perfumam a noite de outono
rendada e cintilante sob a lua.
Desço à rua da velha estação
sombreada à meia luz de lampião.
As
casas, às escuras, e nos quintais
vaga-lumes sinalizam rumos
a ninguém.
Mudos,
os galos perduram o breu
nas tintas da Aurora preguiçosa.
Só o resmungo de um sapo cego
ecoa na cisterna vertiginosa.
No
cajueiro, uma fada alumbra
de ouro a penumbra que oculta
a bruma da bruxa no porão.
Uma
menina acordada
se vê sozinha
no ermo daquele chão.
Cães
traduzem o silêncio
dos gatos, grilos, gritos
cativos na fuga da memória.
Estrelas acenam à madrugada
deitada nos telhados, espiando
pelas venezianas dos sonhos
o lance de dados das horas.
Tudo
é sossego e sereno sobre rosas.
Mas a cidade pequena perambula
pelas estradas mornas do meu sono
ditando glosas. |
Angélica
Torres Lima
Ipameri, 1987
Angélica
Torres Lima nasceu em Ipameri (GO), onde viveu até
os 13 anos, quando foi com a família morar em Brasília
(DF). Poeta e jornalista, publicou cinco livros: o relato poético
Koikwa, Um Buraco no Céu (Editora Universidade de Brasília,
1998) e os demais de poesias: Sindicato de Estudantes (produção
independente, 1986); Solares (Editora Bric a Brac/DF, 1988),
Paleolírica (Gazeta Mercantil & Alô/ DF, 2000)
e O Poema Quer Ser Útil (LGE Editora/FAC-DF, 2006). Prepara
a publicação de Luzidianas, poesias, para 2009.
Tem
página no Portal Bilíngüe de Poesia Iberoamericana,
com uma pequena antologia de seus poemas em português
e espanhol, e também nos sites dos poetas paulistas Rubens
Jardim (www.rubensjardim.com.br ) e Carlos Machado (poesia.net,
página nº 257). Participou em 2008 das antologias
Deste Planalto Central – Poetas de Brasília (Ed.
Thesaurus); Antologia Poetas de Brasília (Dulcinéia
Catadora); e Coletânea Candanga (Associação
Ceilandense de Letras & Artes Populares). |
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