GOYAZ NÃO HÁ MAIS


Cortaram o meu Goyaz ao meio
e não me pediram licença.
Meu papagaio de infância degolado!
Eu não tinha autorizado.

Com o Norte, assim
de mim apartado
perdi o rumo no mapa.

Levaram embora minha crença
o meu estado de nascença
o contorno da minh’alma
meu Brasil por excelência
meu sentimento geográfico
meu sentido de existência.

Só deixaram o Sul, disforme,
e a metade da minha ausência


Angélica Torres Lima
Brasília, 1996





Angélica Torres Lima nasceu em Ipameri (GO), onde viveu até os 13 anos, quando foi com a família morar em Brasília (DF). Poeta e jornalista, publicou cinco livros: o relato poético Koikwa, Um Buraco no Céu (Editora Universidade de Brasília, 1998) e os demais de poesias: Sindicato de Estudantes (produção independente, 1986); Solares (Editora Bric a Brac/DF, 1988), Paleolírica (Gazeta Mercantil & Alô/ DF, 2000) e O Poema Quer Ser Útil (LGE Editora/FAC-DF, 2006). Prepara a publicação de Luzidianas, poesias, para 2009.

Tem página no Portal Bilíngüe de Poesia Iberoamericana, com uma pequena antologia de seus poemas em português e espanhol, e também nos sites dos poetas paulistas Rubens Jardim (www.rubensjardim.com.br ) e Carlos Machado (poesia.net, página nº 257). Participou em 2008 das antologias Deste Planalto Central – Poetas de Brasília (Ed. Thesaurus); Antologia Poetas de Brasília (Dulcinéia Catadora); e Coletânea Candanga (Associação Ceilandense de Letras & Artes Populares).

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