Gotas que caem... inundando meu rosto, fazendo deslizar pelo corpo o gosto delícia de moleque na chuva.
Nunca pude resistir ao namoro delirante das enxurradas... seu eco permanente... de extrema felicidade me entrego à fantasia do corre-corre da corredeira d’água ligeira entre o meio-fio da calçada e a ondulação presente da rua.
Eu, molhado como num torpor mágico a esperar pelos barquinhos de papel que quando criança quantas vezes deixei rolar ao balançar galopante do destino... acreditando que algum deles daria a tão sonhada volta pelo mundo... e pudesse um dia retornar... ser eternamente criança...nas ruas de minha eterna IPAMERI.
Eis que ouço o grito do ambulante apressado e feliz pela chuva já que anunciava guarda-chuvas a preço de banana!
Sigo caminhante como se aquilo tudo fosse uma notória sinfonia... deslizante entre gotas de chuva e o fulgor de cidadezinha.
Sitiado em emoção com meninas de roupas quase sem roupas... coladas, encharcadas e arrepiadas pelo abraço constante do vento e dos raios brilhantes, gélidos de gotas d’água do chuviscar que caem sob forma de amenas gotinhas, que ao encontrar o chão parece balançar o fluxo das poças como notas em tímidos musicais... que se misturam a efusiva algazarra das alegres gurias.
Vejo pássaros que insurgem em vôos constantes de um lado ao outro a capturar aleluias esvoaçantes saciando a fome... chocando docemente com gotas insistentes que teimam em cair de nuvens suspensas no ar... como gotas de chuva.